Um marco para a física e astronomia: cientistas de vários países anunciaram nesta quinta-feira (11 de Fevreiro), ter detectado ondas gravitaicionais, ou melhor ondulações do espaço-tempo que foram previstas pela primeira vez na Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, em 1915.
Da colisão de dois buracos negros maciços à 1,3 biliões de anos luz da Terra. O cataclismo lançou estas ondas em todas as direcções, até que chegaram à Terra no dia 14 de Setembro, quando foram captadas por instrumentos instalados nos Estados Unidos. Isso trás uma visão sem precedentes sobre o evento que criou o Universo (Big Bang).
"Nós detectamos as Ondas Gravitacionais", revelou David Reitze, director executivo do projecto LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), durante uma conferência de imprensa em Washington DC, EUA, isto após semanas de especulações sobre o anúncio.
O que os cientistas do projecto Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferómetro Laser (LIGO), descobriram foram "distorções no espaço e no tempo" causado pelos dois buracos negros de massa enormes se fundindo em um só. Além de detectarem as ondas gravitacionais, cientistas do LIGO também mediram as massas e as distâncias dos buracos negros que a formaram. O projecto LIGO, possui detectores individuais (distanciados à 3 mil quilómetros um do outro) cuidadosamente construídos para localizar vibrações incrivelmente minúsculas de ondas gravitacionais. Uma vez que os pesquisadores avistam um sinal gravitacional, ele é convertido em ondas de audio, permitindo que o som de dois buracos negros em espiral se fundam em um único buraco negro maior e sejam ouvidos. A equipe também foi capaz de rastrear as milésimas de segundos finais antes dos buracos negros se colidirem. Eles determinaram que os buracos negros, com 30 vezes a massa do nosso Sol, circularam, um ao outro quase à velocidade da luz, antes da fusão pela colisão. Esta colisão emitiu uma enorme quantidade de energia, equivalente a cerca de três massas solares - segundo a famosa equação de Eisntein "E=mc2"- sob a forma de ondas gravitacionais.
“A maior parte dessa
energia é liberada em apenas alguns décimos de segundo”, revela Peter Fritschel, cientista-chefe do LIGO
e cientista de pesquisa sénior no Instituto Kavli, do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT) para Astrofísica e Pesquisa Espacial. “Por um período
muito curto de tempo, o poder real de ondas gravitacionais foi maior do que
toda a luz presente no universo visível”, completou ele. Estas ondas, em
seguida, percorreram o Universo, entortando, de forma eficaz, a barreira do
espaço-tempo, antes de passarem pela Terra, mais de um bilião de anos mais
tarde, carregando os fracos traços de suas origens violentas.
Para os cientistas do LIGO,
esta nova detecção de ondas gravitacionais marca não apenas o culminar de uma
pesquisa de décadas, como também o início de uma nova maneira de olhar para o
Universo.
Outras reacções de cientistas conceituados
Rainer Weiss, professor emérito de física no MIT
“Este é um sinal que nós
queríamos observar desde o tempo que LIGO foi proposto. Isso mostra a dinâmica
de objetos nos mais fortes campos gravitacionais que se possa imaginar, um
domínio onde a gravidade de Newton não funciona completamente, e é preciso usar
as equações de Einstein, totalmente não-lineares, para explicar os fenômenos”.
Matthew Evans, professor assistente de física no MIT
“Isso realmente abre uma nova
área da astrofísica. Nós sempre olhamos para o céu com telescópios e observamos
a radiação eletromagnética, como luz, ondas de rádio ou raios-x. Agora, as
ondas gravitacionais são uma forma completamente nova que podemos focar para
conhecer o Universo em torno de nós”.
Stephen Hawking, físico e professor
“As ondas gravitacionais
fornecem uma maneira completamente nova de olhar para o Universo, podendo
revolucionar a Astronomia”
Confirma-se assim, cientificamente, em absoluto a Teoria da Relatividade.
Porquê que isso é importante?
A Teoria da
Relatividade de Einstein revolucionou a forma como entendemos a gravidade e é um
dos pilares da física moderna. O Universo ainda não é completamente entendido
porque essa teoria não concorda com outra muito importante, que é a mecânica
quântica. Estudando as ondas gravitacionais — a última parte da Teoria da
Relatividade Geral que ainda precisava ser comprovada —, os cientistas poderão
expandir o entendimento do Universo. Quando isso acontece, se descobre coisas
novas, que não eram esperadas.
- Palavras chave: Albert Einstein, Ondas Gravitacionais,Buracos Negros, Espaço-Tempo, Relatividade
Fonte: Jornal Ciência, Instituto Ciência Hoje e Zero Hora - Estilo e Vida